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As senhas serão distribuídas no Ambulatório Geral da Velha, em Blumenau. O atendimento de urgência oferecido pelo município começa às 21h, mas os moradores formam fila no local desde cedo para garantir lugar. Em voz alta, o recepcionista pede respeito com aqueles que chegaram antes. Apesar de haver crianças, idosos e casos que aparentemente precisam de maior cuidado, a pessoa que tem a senha de número 1 é uma jovem que chegou às 19h e suspeita estar grávida.
Ao fazer o prontuário, o recepcionista explica que ela deve marcar uma consulta com um ginecologista, e não procurar o serviço de emergência para fazer um teste de gravidez.
– A população ainda não entende o objetivo do plantão à noite. Muitos vêm pegar atestado e outros vêm por qualquer motivo – lamenta o atendente do ambulatório Marco Alberto da Silva Reda.
A situação se repete no serviço de urgência e emergência dos hospitais Santo Antônio e Santa Isabel. A população recorre às unidades hospitalares porque possuem mais estrutura e é onde os profissionais agilizam exames e procedimentos que, na atenção básica, levariam dias para serem feitos. O resultado é sobrecarga, demora e tensão entre pacientes e profissionais.
– Não é pessoa que mais grita no hospital que tem de ser primeiramente atendida. Ela precisa passar por uma avaliação. Todos os hospitais deveriam ter uma maneira de classificar o risco dos pacientes – analisa o professor da Furb e médico da família Ricardo Dantas Lopes.
Mais de 80% dos casos atendidos em cada uma das unidades não são de urgência e poderiam ser resolvidos na atenção básica – em ambulatórios e postos – como febre, dor de cabeça e dor muscular. No Samu, a realidade é a mesma.
O supervisor médico do serviço em Santa Catarina, Alfredo Rodolfo Busch, afirma que 60% das ligações também não envolvem casos realmente urgentes e acabam sendo resolvidas via orientação do médico por telefone ou da visita da equipe na casa do solicitante. Das 41,6 mil ligações recebidas na região de Blumenau, apenas em 5,6 mil casos foi necessário o encaminhamento do paciente aos hospitais da região.
A coordenadora de enfermagem do Hospital Santa Isabel, Andrea Santiago, explica que a solução para essa realidade que sobrecarrega o serviço implica em uma triagem de qualidade para separar os casos graves dos demais, um atendimento melhor nos postos de saúde espalhados pelos bairros que desestimule o mau uso dos prontos-socorros e uma mudança de comportamento da população:
– As pessoas devem procurar os postos ou ambulatórios no início dos sintomas, assim o tratamento é realizado com mais rapidez e o quadro não evolui. O que geralmente ocorre é que os pacientes sentem os sintomas por mais de dois dias e quando a situação fica realmente insuportável eles vêm direto para o serviço de emergência.
Fonte: JORNAL DE SANTA CATARINA
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