![]() |
"Agora, só Deus pode nos confortar". A frase, dita baixinho, entre lágrimas, quebra o pesado silêncio na casa da família Oliveira, em Balneário Camboriú. Outro amigo está chegando na residência simples, na Rua Canelinha, Bairro dos Municípios, onde a mãe da jovem Luana de Oliveira chora pela única filha, que saiu para trabalhar na manhã de ontem e nunca mais voltou. Ainda em estado de choque, mal consegue agradecer qualquer palavra de apoio.
Na manhã de terça-feira, por volta de 9h, Luana saiu de moto para ir ao trabalho, em um dos shoppings da cidade. Ela estava no período de experiência no emprego, em uma loja de telefonia móvel, depois de cerca de três anos em outra empresa do mesmo setor. O trajeto até o serviço demorava, em média, 15 minutos, dependendo do trânsito, mas ontem a breve viagem foi interrompida ainda mais cedo.
Menos de cinco minutos após sair de casa, a jovem foi surpreendida por um ciclista, que atravessou a Quinta Avenida de forma perigosa, em meio ao tráfego de veículos em um dos cruzamentos da via. Por instinto, Luana tentou desviar da bicicleta, perdeu o controle da direção e caiu no meio das duas pistas. Um caminhão que trafegava ao lado dela não conseguiu frear a tempo e atropelou a vendedora. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local do acidente. O ciclista não parou para prestar atendimento à vítima.
Lembrança
À distância, o pai Altamir, caminhoneiro que estava trabalhando em São Paulo, também foi tomado pela maior dor que um pai ou mãe poderia sofrer e pegou o primeiro voo de volta para Santa Catarina. As lembranças que guardará de sua menina, de 24 anos, são as anteriores à última viagem a trabalho. Agora, não teve mais a chance de vê-la. No velório, na Central de Luto de Camboriú, o caixão lacrado resguarda a imagem da garota alegre e feliz, contrastando com a violência do acidente que tirou sua vida.
O sepultamento está marcado para as 9h desta quarta-feira, em um dos cemitérios de Balneário Camboriú, que ainda não tinha sido definido até o fechamento desta reportagem. Já a tristeza da despedida, essa não tem hora para terminar.
Entre a tristeza e a consternação
O perfil público em uma rede social na internet revela uma garota bonita, sorridente e cheia de planos. O gosto pela música, principalmente a sertaneja, e pelas festas eletrônicas também aparece. Uma jovem adulta, enfim, de bem com a vida como se podia esperar para alguém da idade dela, e que deixa justamente essa recordação como uma das mais fortes entre parentes e amigos.
— O que fica dela com certeza é o sorriso, que era inconfundível — conta Samanta Pietrovski, 21 anos, ex-colega de trabalho de Luana.
Na família, a dor da perda divide espaço com a consternação, e a tentativa de entender como tudo aconteceu tão rápido, de uma hora para outra.
— A imagem da Luana é a melhor possível. Ela tinha o futuro todo pela frente, é um choque muito grande pra gente — diz Vanessa Cardoso, prima da jovem.
A última postagem da garota na rede social é de 13 de outubro, em uma mensagem de fé que a família tenta agora compreender e aceitar como forma de conforto: "Seja feita a Tua vontade".
Fonte: O SOL DIÁRIO
SD REGULADORA DE SINISTRO © 2011 RIO DO SUL - 47 3546.1674 - regulacao@sdreguladora.com.br - Praça Nereu Ramos, n° 87 - Ed. Fúlvio Tomio - 1 andar - Sala 01 - Centro | ![]() |