Irmãos de bebê torturada e morta em Campo Alegre teriam presenciado violência

18/05/2011

Os irmãos, de quatro e de 16 anos, de Anabeli Gomes de Freitas, de um ano e quatro meses, teriam presenciado o momento em que o padrasto deles agrediu e torturou a menina, o que a levou à morte. Segundo a polícia, a mãe não estava em casa no momento das agressões e o filho mais velho tem dificuldades para ouvir e falar e, por isso, não conseguiu ajudar a irmã. O crime ocorreu na tarde de segunda-feira.

Anabeli morava com a mãe, três irmãos e o padrasto, Luciano Antônio da Silva, 29 anos, no bairro Vila Cedro, em Campo Alegre, no Planalto Norte de Santa Catarina. Na tarde da última segunda-feira, a caçula de Sirlei de Fátima Lima, 36 anos, teve a vida interrompida porque chorou. As lágrimas da criança teriam incomodado o padrasto que, segundo a Polícia Civil, bateu e torturou Anabeli até a morte.

Sirlei estava havia pouco mais de nove meses com Luciano e diz que talvez nunca entenderá o porquê nem de onde surgiu tanta violência.

— Ele sempre demonstrou ter carinho e atenção com a minha família e agora acontece isso. Nunca imaginei — contou a mãe, que no dia do crime havia viajado a Jaraguá do Sul para fazer um exame médico demissional.

Sirlei diz "querer justiça":

— Cadeia é pouco para aquele monstro.

Anabeli deu entrada no Hospital Salvatoriano São Luiz, em Campo Alegre, por volta das 17h de segunda, levada por bombeiros. Assim que a pequena foi examinada, os enfermeiros perceberam que ela estava morta.

O diretor administrativo do hospital, Alaor Hansen, e a irmã Gentila Zago, enfermeira e tesoureira da instituição, informaram que a menina tinha marcas de agressão no corpo.

— Percebemos que ela estava com os dedinhos dos pés e das mãos queimados. Havia hematomas e pequenos cortes no rosto. Por isso, decidimos acionar o Conselho Tutelar — conta a freira.

Ao ser avisado, o Conselho Tutelar chamou a polícia da cidade que assumiu o caso e, mais tarde, prendeu o padrasto.

Diretora de escola desconfiou

Os dois filhos de Sirlei Lima frequentam uma escola municipal em Campo Alegre, cuja diretora confessou ter desconfiado de que o cotidiano familiar poderia ser de agressões. Nesta terça, ao consolar a mãe de Anabeli, a diretora Célia Queiroz chorou ao desabafar suas suspeitas. Elas conversaram enquanto familiares e amigos aguardavam, à tarde, para sepultar o corpo da menina no Cemitério Municipal de Campo Alegre, em cerimônia realizada por volta das 16h.

— O pequeno (de quatro anos) não queria voltar para casa depois da aula e eu não entendia — disse Célia, responsável pela Escola Municipal de Educação Básica Carlos Adolfo Frederico Schneider.

Ela conta que chegou a verificar o corpo do menino de quatro anos, à procura de marcas de ferimentos, mas como não achou nada, calou-se. A diretora contou também ter chamado a atenção dela a mudança de comportamento do adolescente de 16 anos, que estava menos participativo e andava parecendo triste.

Agressor expulso dos bombeiros voluntários

Após a abertura do inquérito, o delegado Fernando Lúcio Mendes, de Rio Negrinho, ouviu o relato dos bombeiros, do conselheiro tutelar e de funcionários do hospital. Não demorou muito para chegar a Luciano Antônio. Ele foi encontrado pelos policiais nas proximidades do hospital. De início, negou qualquer tipo de agressão contra a menina, apesar nas marcas no corpo da bebê.

— Fomos conversando com o Luciano e no fim da noite ele confessou que em certos momentos batia na menina. As mãos dela, por exemplo, ele queimava no fogão –— relatou o delegado.

Segundo ele, Luciano deu várias versões para justificar porque agredia a criança. Uma delas era o choro constante. O delegado informou que o padrasto foi preso em flagrante por crime de tortura qualificado por morte.

O rapaz ficou detido na delegacia e foi transferido na tarde desta terça para o Presídio de Mafra. Procurado pela reportagem, ele não quis falar sobre o assunto.

Luciano foi bombeiro voluntário em Araquari, no Norte do Estado, em 2010. De acordo com o comandante dos bombeiros, Cláudio Renato de Lima Penha, o rapaz atuou por quatro meses na equipe trabalhando na central e também como motorista. Mas meses depois, algumas atitudes do rapaz começaram a incomodar o comandante e foi expulso da corporação.

— Ele era muito falador e mentia muito. Cada dia aparecia com um carro e não sabia se explicar. Tinha muita coisa estranha — contou.


Fonte: A NOTICIA

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