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As mãos trêmulas e molhadas pelas lágrimas que há 17 anos embalavam um bebê pela primeira vez, na tarde de segunda-feira seguravam o sapato calçado pela filha na última festa que ela frequentou.
Por volta de 3h30 de domingo, a filha chegou em casa acompanhada pelo namorado, uma prima e um amigo,já passando mal. Ao ver o estado da filha, a mãe decidiu dar um banho e acomodá-la na cama. Mas, instantes depois, percebeu que a menina estava com dificuldade de respirar e a levou às pressas para o Pronto-atendimento do Aventureiro.
— Chegando no PA, ela vomitou sangue e morreu nos braços da avó —, disse a mãe, parecendo ainda não acreditar na história que ela própria contava.
Horas antes, ela acompanhava a felicidade da filha enquanto se arrumava, após convencer o pai de criação a deixá-la ir à Soul Club, onde ocorreu uma festa de música eletrônica.
— O pai implorou para ela não ir, mas ela insistiu tanto, disse que essa ia ser a última vez. E foi, né? Foi a última vez mesmo, porque ela nunca mais vai voltar —, disse a mãe, em meio ao choro, enquanto mostrava o quarto da garota.
Com o olhar assustado, a prima da vítima, que assistia à cena de sofrimento, contou que assim que chegaram ao clube ela e a garota foram ao banheiro, enquanto um vizinho e o namorado da adolescente foram comprar bebida. Quando se encontraram, a própria vítima teria sugerido que eles usassem ecstasy.
— Ela disse: ‘Ah, vamos comprar bala (ecstasy) para a gente dançar?’ —, lembra.
Segundo a prima da vítima, um amigo que os acompanhava teria abordado um rapaz que estava perto deles na festa para saber com quem eles poderiam comprar a droga. O rapaz teria ecstasy com ele e teria vendido sete comprimidos ao grupo. A vítima, a prima e o vizinho teriam ingerido um comprimido cada um.
Apenas o namorado da vítima não teria feito uso da droga. Os quatro comprimidos que restaram teriam sido revendidos pelo amigo na festa porque, de acordo com a prima da vítima, eles não queriam ficar com a droga.
— De repente, eu vi que ela começou a virar o olho quando estava abraçada com o namorado na festa e perguntei se ela estava bem. Ela disse que estava em paz —, relata a prima.
Em seguida, a adolescente teria contado que havia ingerido mais um comprimido.
— Quando ela estava passando mal, falou que tinha tomado outra bala —, disse.
Alguém teria oferecido e ela, aceitado.
“Ela tinha a vida pela frente”
Inconformada pela perda da filha, que tirava ótimas notas na escola e sonhava ser maquiadora, a mãe conta que pretende processar a casa noturna.
— Ela tinha a vida toda pela frente. Se eles prestassem mais atenção e não tivessem deixado ela entrar ou a fiscalização contra as drogas fosse mais eficiente, ela não teria morrido —, desabafa.
Em nota enviada à imprensa segunda-feira, a casa noturna alega que a legislação local permite que maiores de 16 anos frequentem festas em Joinville.
— Um sistema de fitas de identificação também é adotado para impedir que menores de 18 anos comprem bebidas alcoólicas —, diz o texto.
O delegado responsável pelo caso, Adriano Boni, disse que pretende ouvir a mãe da jovem nesta terça, mas enfatiza que, para a Polícia Civil no momento, não dá para afirmar que a droga foi a responsável pela morte da adolescente.
Ele explica que, com base nos depoimentos e no resultado do laudo cadavérico (que deve ficar pronto em alguns dias) e no exame toxicológico (que deve sair em 30 ou 45 dias), a investigação vai ganhar um rumo, de fato.
Fonte: A NOTÍCIA
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