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O dono de uma farmácia de manipulação e a farmacêutica responsável foram indiciados em inquérito policial por homicídio culposo (sem intenção de matar) pela morte do aposentado Renato Wolf, 69 anos.
Ele morreu no dia 13 de novembro de 2010, em Corupá, dias após ter ingerido um medicamento à base de colchicina, para o tratamento da doença conhecida como gota (ácido úrico).
Conforme o delegado Adriano Spolaor, o remédio foi produzido sem prescrição médica e a farmácia não tinha autorização da Vigilância Sanitária do Estado para manipulá-lo. A farmácia foi notificada.
Os dois indiciados também podem responder por não respeitarem normas técnicas da profissão. Se condenados, a pena pode chegar até quatro anos de detenção. O inquérito será encaminhado nesta quinta para a Justiça. Mas, segundo o delegado, a farmácia ainda pode vender medicamentos industrializados.
Ainda conforme o delegado, o mesmo remédio teria provocado a morte de Eduvirges de Amorin Carvalho, 48 anos. Ela era conhecida da família de Renato e também tomou o medicamento manipulado.
Conforme Spolaor, ninguém sabia que a causa da morte do aposentado havia sido o remédio.
— Como a família dele não queria jogar fora o medicamento e tinha conhecimento de que o marido de Eduvirges sofria da mesma doença, o produto foi oferecido —, relatou.
Conforme o delegado, Eduvirges tomou o medicamento porque tinha dores no calcanhar. Ela morreu no dia 26 de novembro de 2010.
— Foi aí que surgiu a suspeita de que a causa das mortes poderia ser o remédio manipulado pela farmácia —, disse o delegado.
Cada cápsula poderia matar seis pessoas
O remédio foi enviado para análise na Gerência de Toxicovigilância e Farmacovigilância (Getof), da Diretoria de Vigilância Sanitária do Estado, e ficou comprovado que ele deveria ser diluído em cem vezes para poder ser ingerido, que não ocorreu, segundo o delegado.
— Cada cápsula tinha capacidade para matar seis pessoas —, disse Spolaor.
No frasco vendido ao aposentado, havia 30 cápsulas. Cada uma das vítimas ingeriu apenas um comprimido antes de morrer.
O inquérito de 250 páginas não indicia os suspeitos pela morte de Eduvirges porque o medicamento não foi feito para ela.
— A decisão de repassar para um terceiro foi acidental. A pessoa que entregou para a outra mulher que morreu não tem culpa porque não sabia que foi o remédio que causou a morte de Renato —, explicou o delegado.
Desde 2005, as farmácias de manipulação devem notificar a Vigilância Sanitária local toda vez que for requisitada a manipulação da colchicina.
Recado na agenda ajudou
Um recado na agenda de Eduvirges de Amorin Carvalho, 48 anos, ajudou a família de Renato Wolf a descobrir a causa da morte do aposentado. Marilene Wolf, 45, filha do aposentado, disse que depois que o pai morreu, a família não sabia a causa da morte.
— O laudo dizia que foi pancreatite aguda —, lembra.
Segundo a filha, a família decidiu dar o frasco do medicamento, que estava cheio, para Eduvirges de Amorin Carvalho. O marido da amiga sofria do mesmo problema. Mas quem tomou foi Eduvirges, que morreu horas depois com os mesmos sintomas de Renato.
— Somente fomos descobrir que o remédio era a causa porque Eduvirges escreveu na agenda que havia tomado o comprimido que era usado pelo meu pai e havia passado mal —, conta.
Marilene disse que o pai usava remédio manipulado havia três anos por indicação de um amigo.
— O pai levou o pote com a receita usado pelo amigo para a farmácia e perguntou se ele podia manipular. Ele disse que sim. Mas não havia receita médica. Em três anos, esse remédio nunca fez mal. Ele tomava uma vez por dia. No ano passado, aconteceu o pior —, disse.
Fonte: A NOTÍCIA
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